A série Parque do Ingá 50 anos: Preservar hoje para comemorar sempre tem como proposta apresentar informações relacionadas ao histórico e os desafios para o futuro dessa Unidade de Conservação que no ano do seu cinquentenário (2021) enfrenta grave problema de seca dos seus lagos.
Os primeiros quatro episódios desta série compõem a descrição dos relatos feitos pelos palestrantes convidados para Reunião Pública: “Os lagos do Parque do Ingá estão secando. O que fazer?”. O evento em questão foi realizado no dia 29 de setembro de 2021, no Plenário da Câmara de Vereadores de Maringá, reunindo representantes do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA, Comissão de Direito Ambiental da OAB Maringá, Sanepar e Secretaria de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal de Maringá. A comunidade presente também participou com perguntas e considerações que enriqueceram o debate sobre a temática.
O material será apresentado em episódios para destacar as contribuições de cada especialista. Neste quarto episódio intitulado Quais são as fontes de abastecimento dos lagos do Parque do Ingá? o relato é de Luand Piassa - Eng. Geólogo da Secretaria de Meio Ambiente e Bem-estar Animal de Maringá - SEMA
"O lago do parque do Ingá tem como fontes de abastecimento as
águas pluviais incidentes na microbacia e as nascentes que afloravam dentro do
próprio parque. Quanto às nascentes existem três fatores que podem influenciar
na vazão são eles: estiagem ao longo dos anos, impermeabilização do solo e a
utilização de poços tubulares.
A utilização de um poço tubular faz com que seja gerado um
cone de rebaixamento –quando bombeado- fazendo com que o nível estático do
aquífero diminua. Com o aumento do numero de poços tubulares instalados na
mesma região os cones de rebaixamento podem se sobrepor aumento a área de influência
e rebaixando ainda mais o nível dinâmico do aquífero.
Na microbacia do entorno do parque tem 127 poços tubulares
instalados. Então, o nível está muito mais baixo do que já foi um dia – fruto
da sobreposição dos cones de rebaixamento.
Se o aquífero freático é mais elevado que a calha do rio,
acaba ajudando com o abastecimento da água subterrânea. Se o aquífero é mais
baixo em relação à calha do rio, o aquífero deixa de contribuir e passa a
"roubar” a água da nascente do rio e do lago, reduzindo o nível de água do
rio ou lago.
Luand Piassa - Eng. Geólogo da Secretaria de Meio Ambiente e Bem-estar Animal de Maringá - SEMA
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Um caso prático que eu trouxe é da utilização de poços na
mineração, normalmente a água de poço é só para abastecimento de consumo humano
e combate a incêndio entre outros, mas, na mineração, o poço tem finalidade
diversa, que é fazer rebaixamento do aquífero para conseguir extrair o minério.
Por exemplo, essa é uma mina no Vale do Araxá, e cada ponto é
um poço. Se não tivessem os poços, essa mina estaria alagada, inviabilizando a
operação da mineradora. Então nesse caso, até onde o cone de rebaixamento
consegue atingir, é a circunferência do raio de ação, indicando até onde é
possível fazer a extração.
Caso contrário, é este de uma pedreira antiga em Curitiba,
que quando cessou a exploração e interromperam a atividade dos poços tubulares,
o nível do lençol freático retornou e hoje essa área se transformou em um lago
novamente.
A gente precisa fazer os estudos para verificar se os poços
do entorno do parque estão contribuindo para o rebaixamento do aquífero, por
isso essa parceria com o IAT, para compreendermos todo o ciclo hidrogeológico
dessa área do entorno do Parque do Ingá, para depois serem definidas as ações
de recuperação do aquífero".
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