sábado, 26 de dezembro de 2020

A construção de uma outra cultura com Mais Mulheres No Poder

 

Professora Ana Lúcia Rodrigues*

 

“...esse é um dia histórico, mais um dia histórico que vocês (Movimento Mais Mulheres No Poder) estão escrevendo em Maringá ... todos nós somos passageiros, mas vocês estão mudando uma cultura e vocês sabem o que isso significa ”- Prefeito Ulisses Maia (leia mais em nosso Facebook aos 33 min.: https://www.facebook.com/maismulheresnopodermaringa/videos/448411472990681).

 

               O Movimento Mais Mulheres No Poder se reuniu com o prefeito Ulisses Maia no dia 15 de dezembro de 2020, para tratar da Carta Compromisso assinada por ele como candidato, na qual se comprometeu em atender às duas Propostas defendidas por nós: 1ª.) garantir a paridade de gênero com a presença de 50% de mulheres nos cargos de sua livre indicação para o primeiro e segundo escalão e; 2ª.) destinar 4% do orçamento do município, de forma transversal, para as políticas de enfrentamento à violência contra a mulher.

               A leitura que o prefeito fez das propostas com as quais se comprometeu indica sua compreensão do isso significa para alterar uma CULTURA que está arraigada na forma como o poder é dividido. O poder tem sido disputado pelo masculino de forma muito tranquila porque, nesta forma, o lugar da Mulher está reservado nos cargos que culturalmente couberam a ela, por isso não se admite que a Mulher possa disputar espaços mais amplos de poder. E o prefeito não fugiu ao compromisso com o Movimento, aliás, indo além ao dizer na reunião: “...eu lanço o desafio de vocês indicarem a Secretária, seja quem for”.

Mas, eu sei que romper uma cultura não é tarefa trivial, fácil e sem desconforto, sendo “natural”, portanto, a emergência de conflitos nesse processo, pois conflitos são componentes de toda e qualquer disputa. Alguns analistas políticos da cidade fizeram leituras desse processo de acordo com a concepção que cada um tem da política e da sociedade e, enquanto isso, o nosso Movimento segue no caminho da construção para conquistar a paridade, nesse momento inserindo-a na agenda pública do prefeito.

É preciso que as Mulheres construam organizações para conquistar esses espaços que histórica e culturalmente estão destinados aos Homens. E não será tarefa fácil, por isso o Movimento avalia que a atitude do prefeito Ulisses Maia, um dos quatro candidatos que assinou a Carta Compromisso sem impor qualquer condição, foi assertiva, alinhada às tendências mundiais de entrada paritária da Mulher nos espaços de poder, de decisão e de gestão orçamentária. É preciso dizer aqui que, enquanto esse debate está sendo iniciado em Maringá, em Paris, por exemplo, a prefeita Anne Hidalgo foi multada por nomear mais mulheres que homens para os cargos de sua livre indicação (https://jovempan.com.br/programas/jornal-da-manha/prefeita-de-paris-e-multada-por-empregar-mulheres-em-excesso.html).

No Manifesto de criação do Movimento Mais Mulheres No Poder consta que as mulheres “...têm contribuído de forma importante para o desenvolvimento e crescimento de Maringá. MAS, FALTA! Falta consolidar a presença igualitária nos espaços de decisão, em especial nos espaços institucionais - no Legislativo e no Executivo” (leia mais em nosso blog: https://maismulheresnopoder2020.blogspot.com/2020/07/manifesto-por-uma-bancada-feminina-na.html).

socióloga, vereadora eleita pelo PDT em Maringá, articuladora do Movimento Mais Mulheres No Poder.


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