Professora Ana Lúcia Rodrigues*
“...esse é um dia histórico, mais um dia histórico que
vocês (Movimento Mais Mulheres No Poder) estão escrevendo em Maringá ... todos nós
somos passageiros, mas vocês estão mudando uma cultura e vocês sabem o que isso
significa ”- Prefeito Ulisses Maia (leia mais em nosso Facebook aos 33 min.: https://www.facebook.com/maismulheresnopodermaringa/videos/448411472990681).
O Movimento Mais Mulheres No Poder
se reuniu com o prefeito Ulisses Maia no dia 15 de dezembro de 2020, para
tratar da Carta Compromisso assinada por ele como candidato, na qual se comprometeu
em atender às duas Propostas defendidas por nós: 1ª.) garantir a paridade de gênero com a presença de 50% de
mulheres nos cargos de sua livre indicação para o primeiro e segundo escalão e;
2ª.) destinar 4% do orçamento do município, de forma transversal, para as
políticas de enfrentamento à violência contra a mulher.
A
leitura que o prefeito fez das propostas com as quais se comprometeu indica sua
compreensão do isso significa para alterar uma CULTURA que está arraigada na forma como o poder é dividido.
O poder tem sido disputado pelo masculino de forma muito tranquila porque,
nesta forma, o lugar da Mulher está reservado nos cargos que culturalmente
couberam a ela, por isso não se admite que a Mulher possa disputar espaços mais
amplos de poder. E o prefeito não fugiu ao compromisso com o Movimento, aliás,
indo além ao dizer na reunião: “...eu
lanço o desafio de vocês indicarem a Secretária, seja quem for”.
Mas, eu sei que romper
uma cultura não é tarefa trivial, fácil e sem desconforto, sendo “natural”,
portanto, a emergência de conflitos nesse processo, pois conflitos são
componentes de toda e qualquer disputa. Alguns analistas políticos da cidade fizeram
leituras desse processo de acordo com a concepção que cada um tem da política e
da sociedade e, enquanto isso, o nosso Movimento segue no caminho da construção
para conquistar a paridade, nesse momento inserindo-a na agenda pública do
prefeito.
É preciso que as
Mulheres construam organizações para conquistar esses espaços que histórica e
culturalmente estão destinados aos Homens. E não será tarefa fácil, por isso o
Movimento avalia que a atitude do prefeito Ulisses Maia, um dos quatro candidatos
que assinou a Carta Compromisso sem impor qualquer condição, foi assertiva, alinhada
às tendências mundiais de entrada paritária da Mulher nos espaços de poder, de
decisão e de gestão orçamentária. É preciso dizer aqui que, enquanto esse debate
está sendo iniciado em Maringá, em Paris, por exemplo, a prefeita Anne Hidalgo foi multada por nomear mais mulheres
que homens para os cargos de sua livre indicação (https://jovempan.com.br/programas/jornal-da-manha/prefeita-de-paris-e-multada-por-empregar-mulheres-em-excesso.html).
No Manifesto
de criação do Movimento Mais Mulheres No Poder consta que as mulheres “...têm
contribuído de forma importante para o desenvolvimento e crescimento de Maringá.
MAS, FALTA! Falta consolidar a
presença igualitária nos espaços de decisão, em especial nos espaços
institucionais - no Legislativo e no Executivo” (leia mais em nosso blog: https://maismulheresnopoder2020.blogspot.com/2020/07/manifesto-por-uma-bancada-feminina-na.html).
* socióloga,
vereadora eleita pelo PDT em Maringá, articuladora do Movimento Mais Mulheres
No Poder.