O movimento Pensando Maringá 2016 surgiu no contexto da greve dos servidores da educação do Estado do Paraná, no clima pós- massacre, quando um grupo de pessoas ligadas à UEM parou para refletir sobre a importância do Estado, dos serviços públicos, dos espaços públicos – infraestruturais e institucionais – frente à predominância de uma gestão pública estadual e, também municipal, comprometidas com interesses que desmantelam o Estado no tocante às estruturas públicas, ao patrimônio público e, dessa forma, ao interesse público e coletivo.
Trata-se de um espaço aberto aos cidadãos em geral, aos partidos e às organizações populares, principalmente aquelas que não se encaixam como organização da sociedade civil maringaense. É um espaço que prioriza a disputa de ideias, na construção de um programa de governo para Maringá, com o foco inteiramente voltado para as iniciativas, para as pessoas e lideranças que demonstrem essa mesma intenção, um grupo que não foge das polêmicas, porque este é um dos pressupostos do debate. Nesse momento não há disputa partidária e política, e o Movimento Pensando Maringá 2016 recebe vários partidos como integrantes, sempre na direção de construir o melhor programa de governo para a nossa cidade.
Em 2016 acontecerá a 1ª. eleição municipal após o grande e significativo movimento de 2013. E trata-se de uma eleição diferente da eleição para presidente, pois, os representantes nos municípios têm fácil contato com os seus eleitores e, portanto, sofrem as reações diretamente. Tanto o parlamento quanto o executivo têm que ser repensados a partir do que está ocorrendo, não se pode fazer de conta que não há crise de representação e crise econômica, que não há novas demandas, que não há problemas sociais.
Há em curso uma intensa crise de representação política, explícita nos ataques aos “políticos”, na defesa de encolhimento do número de representantes e de recursos destinados ao parlamento e também ao projeto público em geral. A pressão da hora é para a diminuição ou mesmo supressão total do valor dos salários para os vereadores. Nesse contexto é preciso refletir se isso irá interferir no processo eleitoral nos municípios e como interferirá.
O grupo por trás do movimento defende e acredita na saída política e institucional para o quase colapso de representação em andamento. Acredita na necessidade de aprofundar, de alargar a democracia nas instituições e instâncias de representação. Um exemplo do que estamos propondo foi a experiência da Câmara de Vereadores de Maringá que promoveu uma ação nesse sentido, no ano de 2014. Implantou uma espécie de Orçamento Participativo com a realização de mais de 10 reuniões em vários territórios da cidade para apresentar à população a proposta de Orçamento Anual para 2015, enviada pelo Executivo, que não realizou qualquer consulta popular. Foram
incluídas dezenas de Emendas ao Orçamento, mas todas foram vetadas pelo prefeito, numa ação que estreita a democracia, que a nega.
Uma ação que condiz perfeitamente com um Poder Executivo cuja tendência corrente é dar satisfação unicamente ao poder econômico da cidade – ou pior – a uma pequena parcela de empresários, privilegiados no Orçamento que está em execução, no qual, por exemplo, 220 milhões estão destinados a obras, sendo que menos de meia dúzia de construtoras são as que executam os investimentos, assim como o pagamento de aluguéis, contratados exclusivamente com Atos de Dispensa de Licitação, em que outra meia dúzia de imobiliárias são sempre as destinatárias dos contratos.
Enfim, há uma crise de representação, uma crise política, mas, substancialmente, há uma crise de projeto de cidade. Pois, o modelo de gestão urbana de Maringá dos últimos 11 anos está esgotado e dá sinais disso por meio de múltiplas contradições que se apresentam. Por exemplo, nas 12 mil unidades habitacionais fechadas na cidade e numa fila de 19 mil chefes de família no cadastro da casa própria; nos 30% de famílias que pagam aluguel na cidade; no número excessivo de automóveis por pessoa; nos congestionamentos do trânsito; no aumento crescente de todos os indicadores de violência, inclusive de homicídios; no tamanho dos muros que estão sendo erguidos com cercas elétricas, serpentinas e câmeras; no alto valor do preço do solo etc.
Por enquanto não há como prever a ação dos eleitores para o ano que vem, mas, mesmo que difusas, podem ocorrer reações novas. A proximidade com o conhecido candidato levará ao voto ou ao escárnio, ao desprezo? O Movimento Pensando Maringá 2016 está diretamente vinculado a esta leitura, que não é apenas local, mas também é uma leitura de conjuntura nacional e internacional. Veja que neste ano, em Barcelona e em Madrid foram eleitas duas prefeitas, com fortes vínculos com a esquerda, em nome da “mudança”, num país assolado pela crise econômica e, como o Brasil, por escândalos de corrupção. Elas, assim como nós, pessoas com vinculação partidária em busca de respostas e de ações de resgate do caminho institucional.